quinta-feira, 7 de julho de 2011
Livros divertidos para - e sobre - mães
domingo, 17 de abril de 2011
O que fazer se o seu filho foi mal na prova?

A professora Cristina Navarenho Santos Zanetti, há 16 anos na profissão, está acostumada a dar esse tipo de notícia, para a criança e para os pais. Segundo ela, antes de tudo, é importante que o professor acolha o aluno para depois questionar qual foi o problema que o levou àquela nota.“Sempre deixo a criança se abrir, mostro que me importo e digo que ela sabe mais do que aquilo que colocou na prova, porque é verdade. Muitas vezes, a tensão toma conta do raciocínio, mesmo que ela tenha estudado”, diz.
De acordo com Cristina, as provas devem ser somente mais um instrumento de avaliação, junto com excursões, trabalhos, atividades em grupo e feiras de ciência - e não uma ferramenta que concentre todo o peso da aprendizagem daquele bimestre. “Isso deixa a criança ainda mais insegura”, esclarece. Além disso, ela deve ser incentivada a estudar um pouco todos os dias para assimilar o conteúdo com calma e tempo.
Conversar com o filho, com calma, é o primeiro passo depois que o boletim chega com as notas baixas, segundo Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Lembre-se de que é fundamental que ela possa contar com seu apoio. No entanto, não há uma única fórmula porque depende da característica da criança. “Cada família tem uma dinâmica. Se o filho é descompromissado, os pais precisam descobrir o porquê de ter ido mal na avaliação escolar e incentivar a criança, explicando a importância do estudo para a sobrevivência dela”, afirma. Punição, segundo Quézia, não é o caminho. Em vez de cortar tudo o que ela gosta, como forma de castigo, faça acordos e reorganize a sua rotina. Um exemplo é avaliar o tempo em que ela passa em jogos, assistindo à TV, com atividades extracurriculares, como natação, futebol, balé. Se nada adiantar, vale procurar ajuda profissional para ajudá-la a superar as dificuldades.
Na casa do empresário autônomo Gilson Francisco da Silva, 37 anos, pai de Melissa, de 9 anos, há regras estabelecidas. “Se ela chega com uma nota baixa, eu sou duro. O combinado é suspender durante uns dias aquilo que ela mais gosta de fazer, porque o estudo é a obrigação dela nesse momento”, conta. Já Karla Coraini Rodrigues, 35 anos, gerente de vendas e mãe da Vitória, de 9 anos, age diferente. “A gente conversa e eu tento ver o que está atrapalhando. Tento notar se é psicológico ou falta de vontade. Procuro analisar a situação como um todo e nunca cobro, porque sei que ela já se cobra. Sempre digo que ela pode melhorar”, comenta.
Podem ser várias as razões para um desempenho ruim na escola, como falta de estudo e de motivação, timidez na hora de tirar dúvidas, problemas sociais (família e amigos), Déficit de Atenção, entre outros. Junto com a escola, os pais devem observar qual é a principal dificuldade da criança e, dependendo do motivo, ela deve ser orientada por um profissional. Agora, vale reforçar: esse acompanhamento dos pais com os estudos do filho não deve se concentrar apenas no período de provas. O interesse tem de ser diário.
E quando seu filho recupera a nota, deve ser recompensado?
Segundo Quézia, a recompensa é perigosa. “A criança tem que perceber que ela já está lucrando com essa nota alta, e não depender de um presente para saber que fez a coisa certa. Senão, ela vai começar a sempre querer algo em troca e deixar de prestar atenção na importância do estudo no seu desenvolvimento”, afirma. O mais válido nesse momento é você mostrar ao seu filho o quanto está feliz e orgulhoso de sua recuperação e também como o esforço é sempre válido para obter resultados, em tudo o que ele fizer na vida.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Como falar de morte com as crianças
No playground do prédio, Nina brincava com o irmão quando viu os tios chegando. Aí veio seu avô. Ué, não tinha nenhum encontro da família, por que estavam todos ali? Pouco tempo depois pediram para que os dois subissem e foi no quarto dos pais que a mãe e o avô contaram o que acontecera. A avó havia morrido de repente e todos estavam muito tristes. Quando ela viu a mãe ir ao banheiro para chorar, a menina não teve dúvidas: “Mamãe, abre a porta para eu ficar com você. A vovó sempre dizia que a gente não deve chorar sozinho”.
Vilma, a mulher do cartunista Ziraldo e avó de Nina (que tinha 7 anos na época), morreu em 2000. Dois anos depois, a história dela com os netos se transformou emMenina Nina, Duas Razões para Não Chorar (Ed. Melhoramentos). São desse livro, que vai virar peça de teatro (leia mais nesta matéria), as ilustrações desta reportagem. Ziraldo trata a morte de um jeito simples, como criança entende, singelo e bonito. Foi o jeito que o cartunista encontrou de confortar seus netos, filhos, e a si próprio fazendo uma homenagem à mulher com quem passou mais de 40 anos de sua vida: “Músicos fazem um réquiem, os rajás fazem palácios (como o Taj Mahal), os escritores fazem sonetos, eu escrevi sobre ela quando pude”, declarou em entrevista à CRESCER.
Foi a própria Nina que nos contou como foi saber da morte de sua avó. Ainda hoje, 11 anos depois, ela se emociona ao lembrar como foi duro para a mãe e o avô darem a notícia a ela e sofre por não ter mais a Vovó Vivi por perto. Falar de morte com crianças não é mesmo nada fácil. Como a gente pode tentar explicar uma coisa que não entende e que é tão dolorida? Dá uma tentação louca de que nossos filhos não precisem passar por isso, muito menos quando tão novos. Sim, isso já passou pela cabeça de qualquer um que tenha filhos, mas o melhor mesmo é que seja só um desejo utópico. Uma das coisas que todos os especialistas entrevistados para esta reportagem disseram é que, independentemente da idade do seu filho e da situação – se morreu um bicho de estimação, um parente próximo ou um conhecido distante –, não se deve mentir ou esconder o fato das crianças. “As crianças são só crianças, não bobas”, afirma Maria Helena Franco, psicóloga e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre o Luto da PUC-SP.
É difícil dizer o que seu filho entende em cada idade. Diferentemente dos aspectos do desenvolvimento motor, o emocional é mais individual e depende também das experiências de vida de cada pessoa e família. Mas é certo que, mesmo tão cedo quanto aos dois anos, as crianças são capazes de perceber mudanças no clima e nas emoções da casa. Então seu filho vai perceber se você estiver triste, preocupado, ou agindo diferente. “Se os pais escondem da criança que um cachorro ou peixe do aquário morreu, dizendo que ele fugiu ou sumiu, e depois ela vê o bicho morto, ou mesmo ouve uma conversa sem querer, ocorre a quebra da confiança que ela tem em seus próprios pais”, explica Rita Callegari, psicóloga do hospital São Camilo (SP).
A gente também se engana quando acha que nossos filhos nunca ouviram falar em morte. Ela está nos livros infantis, nos filmes – os pais de Simba morrem em O Rei Leão, a Branca de Neve cai em sono eterno ao morder a maçã, os vilões são mortos pelos mocinhos no final –, nas notícias da TV, nas conversas das pessoas na rua. Também está naquele pernilongo que ela vê morto, nas flores que murcham no vaso.
A diferença é que, até por volta dos 6 anos, a criança não entende que a morte é irreversível. “Nessa fase ela não difere fantasia da realidade, acredita que, assim como nos desenhos animados, dá para se levantar depois que cai uma bigorna na sua cabeça”, ensina Julio Peres, psicólogo e autor do livro Trauma e Separação (Ed. Roca). Ele explica que é preciso deixar a criança “brincar de morto”, sem repreender. Isso, somado às pequenas mortes do dia a dia, dos insetos, plantas e pequenos animais, são um bom treino para entender a sequência da vida e facilita na hora de lidar com uma morte de alguém próximo.