quinta-feira, 7 de julho de 2011

Aborto espontâneo: como lidar com a situação

Problema ocorre em cerca de 15% das gestações, mas, em geral, as mulheres não precisam ter medo de engravidar de novo


O aborto espontâneo é relativamente comum, ocorre em 15% das gestações, de acordo com especialistas. E, em sua maior parte (80% dos casos), até doze semanas de gravidez. As causas possíveis para o problema são muitas, como explica o ginecologista Eduardo Cordioli, do Hospital Israelita Albert Einstein."Entre os motivos estão problemas de cromossomo e má formação do feto. Nesses casos, a própria natureza se encarrega de não levar a gravidez adiante", diz. 

Embora não haja maneiras de se prevenir que um aborto ocorra, na maioria dos casos a situação também é menos grave do que parece. Após um período de repouso, que varia para cada mulher, ela já pode engravidar novamente. Quando o problema ocorre no início da gestação, não é preciso realizar curetagem nem tomar medicamentos. "Para tentar engravidar novamente, a mulher deve apenas esperar até o sangramento e a dor de perder um bebê passarem", diz o médico. 

O lado psicológico costuma contar mais que o físico e muitas mulheres acabam esperando mais tempo para tentar engravidar novamente ou para contar às pessoas sobre uma nova gestação. Como explica a psicanalista Samanta Obadia, esse comportamento é comum entre as mulheres que perderam o primeiro bebê. Apesar de nos três primeiros meses a gravidez ser considerada uma situação delicada, quando a mulher descobre estar grávida as expectativas sobre a criança já aparecem. “Quando ela passa por um aborto espontâneo, a frustração é muito grande. Então, prefere esperar para anunciar a nova gravidez”, diz Samanta. 

É difícil mesmo suportar a dor e decidir quando e como retomar a rotina. Por isso, expressar sentimentos, em especial com o seu parceiro, e compartilhar medos é fundamental para que a superação aconteça. 

Acompanhamento médico Exames prévios podem detectar problemas hormonais e infecções virais que levam ao aborto espontâneo, como a toxoplasmose, antes mesmo da gravidez. Por isso, os médicos recomendam que a mulher que quer engravidar faça diversos exames preventivos para verificar se a saúde está em ordem e comece a ingerir ácido fólico, que ajuda a evitar malformações. Também podem ser identificados com antecedência os problemas anatômicos que causam abortos, em geral tardios, entre o terceiro e o quarto mês de gravidez. “São alterações no formato do útero ou miomas, por exemplo, que podem bloquear o crescimento do feto ou o fluxo de sangue para a placenta. Normalmente, eles podem ser tratados”, explica Mauro Sancovsky, professor de obstetrícia. 

Para a terapeuta Fátima Bortoletti, essa “faxina” na saúde também é importante para afastar fantasmas psicológicos — na hora de engravidar pela primeira vez ou quando ocorrem abortos. “Neste último caso, principalmente, as causas precisam ser identificadas para que a mulher mantenha a disposição de fazer novas tentativas sem medo”, diz. Ela lembra que, apesar de os abortos espontâneos serem comuns, as gestações que terminam bem representam a maioria dos casos. 

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